Igreja das Carmelitas
Praça Marquês de Pombal 3810-164 Aveiro
O Convento de São João Evangelista remonta ao início do século XVII, altura em que D. Brites de Lara, viúva de Pedro de Médicis, manda construir para sua habitação, junto às muralhas da Vila, um palácio de quatro torres, conforme ao seu elevado estatuto de nobreza. Anos mais tarde, D. Brites solicita ao rei D. João IV autorização para nele fundar um convento. A demora no processo leva a que seja o seu herdeiro, D. Raimundo de Lencastre, 4º Duque de Aveiro, a receber a devida autorização e a cumprir a sua vontade. Em 1658 chegam a Aveiro as primeiras freiras Carmelitas.
A adaptação do edifício às novas funções e o embelezamento dos seus espaços cultuais arrastam-se por cerca de 200 anos. O seu atual aspeto não espelha a arquitetura original, já que, em 1904, por decisão camarária de abrir a atual Praça Marquês de Pombal, o edifício é sujeito a uma amputação que sacrifica uma parte significativa das dependências conventuais, designadamente o coro-alto, parte do claustro e diversas capelas.
É classificada como Monumento Nacional pelo Decreto de 16-06-1910, DR n.º 136, de 23-06-1910 ZEP: Portaria publicada no DR, II Série, n.º 11, de 13-01-1961
Igreja
O altar-mor alberga o trono que se destinava à exposição do Santíssimo. A presença neste lugar da imagem de Nossa Senhora da Conceição, a Rainha do Portugal Restaurado, faz lembrar a invocação pretendida por D. Beatriz de Lara para o seu convento e que D. Raimundo modifica, passando-o à de São João Evangelista.
Lateralmente as esculturas representam Nossa Senhora do Carmo e São José, e, na maquineta, as de São João Evangelista (ao centro), Santa Teresa de Ávila (à esquerda) e São João da Cruz (à direita). O conjunto de cinco grandes telas das paredes da capela-mor representa o Nascimento de Nossa Senhora, da apresentação de Nossa Senhora no Templo, a Senhora da Conceição, o Casamento de Nossa Senhora e a Assunção. No apainelado do teto encontram-se cenas da vida de Cristo.
A grade de ferro eriçada de bicos deita para uma pequena sala que servia de coro de baixo, facilitando o acesso à capela-mor pelas religiosas, nomeadamente nas cerimónias de tomada de hábito.
Na nave encontram-se dois retábulos. Correspondem às invocações de São Tiago (representado como romeiro) e da Senhora da Soledade.
O revestimento azulejar é de manufatura coimbrã, da oficina de António Vital Rifarto (Séc. XVIII), com paisagens e cenas de eremitas que apelam ao sentimento contemplativo. Nas telas do corpo da nave figuram, à esquerda, Santo Aberto e São Simão Stok e, fronteiros a estes, S. João da Cruz e Santo Eliseu. Os painéis do teto representam cenas da vida de Santa Teresa de Ávila.
No topo, em que se encontra a entrada da igreja, subsiste a grade do coro-alto (demolido na obra de 1906). As representações dos reformadores da Ordem do Carmo (Santa Teresa e São João da Cruz) ladeiam a da Senhora do Carmo protegendo a família carmelita sob o Seu manto.