Exposição permanente
Ao entrar no Museu Arte Nova, o visitante depara-se com uma sala revestida a azulejos até ao lambril, com tons fortes de azul e com andorinhas do mar representadas em pleno voo. A seu lado encontra-se uma pianola, um piano mecânico do final do século XIX que permite usar cartões perfurados para tocar melodias, uma das primeiras formas criadas de registar música. É, ainda, o exemplo perfeito do gosto burguês e do seu culto do lazer, tal como o é do espírito de inovação técnica, fruto do desenvolvimento industrial, aliado à melhoria das condições de vida quotidiana e à comodidade, que caracterizam o limiar do século XIX e do século XX.
Para aceder aos pisos superiores o visitante é convidado a subir a escada em espiral cujas guardas apresentam formas orgânicas e elementos vegetais que dão vida à linha de chicote ou linha serpentina característica da Arte Nova. No piso superior encontra-se a exposição permanente distribuída pelos espaços da antiga residência, organizados a partir de um corredor de distribuição. Uma galeria de imagens permite conhecer alguns dos nomes maiores da Arte Nova internacional – Gustave Klimt, Egon Schiele, Henri Toulouse-Lautrec, Alphons Mucha e Audrey Bearsdley, lado a lado com os portugueses António Carneiro e Aurélia de Sousa. O japonês Hukusai está também representado pelo seu papel percursor de modernidade e por explorar as forças da Natureza.
Uma das salas é atualmente um pequeno auditório onde se pode ver um curto filme sobre o movimento Arte Nova e a sua expressão europeia ao nível arquitetónico, artístico e decorativo, mas também na perspetiva da sociabilidade, do bem-estar e do desenvolvimento económico e tecnológico. Uma segunda sala tem uma exposição que explica os conceitos inerentes ao movimento Arte Nova através de um conjunto de objetos, de vídeos e de textos, sendo omnipresente a referência à Natureza como fonte de estudo e de inspiração. Ao centro da sala um manequim exibe uma réplica de um vestido do período Arte Nova, o vestido Delfos, desenhado por Mariano Fortuny em 1907, com formas fluidas inspiradas na Grécia Antiga e que exploram o novo entendimento do corpo humano e a procura do bem-estar, elementos essenciais para uma sociedade que se queria saudável e progressista.
A transversalidade da natureza como fonte de inspiração, de observação e de estudo no movimento artísticos da Arte Nova estende-se à atualidade através do biodesign e do funcionalismo biológico, ganhando novos contornos e um outro entendimento que vão ao encontro dos anseios da sociedade de hoje, na procura de uma melhor utilização das coisas e da natureza, de um maior equilíbrio/equidade entre o humano e o natural. Esta correlação que atravessa um século justifica a presença de um núcleo expositivo em que o design contemporâneo reflete as mesmas preocupações e desafios colocados aos criativos e empreendedores de 1900.
O último piso, que correspondia ao espaço de arrumos da residência, é hoje uma sala ampla dedicada a exposições temporárias, dedicadas à Arte Nova.
A saída do Museu Arte Nova conduz à Casa de Chá, um espaço lúdico, onde se pode experimentar o ambiente do início do século XX, numa salinha com azulejos vegetalistas, em suaves tons de verde e azul, que representam amores-perfeitos. Neste espaço, os visitantes são convidados a instalar-se para saborear um momento de lazer. A Casa de Chá estende-se para um pátio onde se pode usufruir do ar livre e observar a calçada à portuguesa original do período de construção do edifício em que sobressaem os nomes das duas filhas de Mário Belmonte Pessoa.