Santa Joana 550 anos em Aveiro






Museu de Aveiro/Santa Joana
O ano de 1472 ficará indelevelmente marcado na história da então vila de Aveiro, hoje cidade moderna e capital de distrito. D. Joana, Infante-Princesa, escolhe-a para se retirar em clausura, num mosteiro dominicano recém-fundado (1465) onde tinha amizades que lhe elogiavam este lugar e em particular a observância rigorosa da regra conventual.
Única irmã do Príncipe Perfeito, futuro D. João II, estaria destinada a um casamento condigno com a sua posição, porém recusa-o optando por viver em Aveiro e em Clausura, numa luta constante entre os deveres impostos pela corte e o seu chamamento de alma.
A sua memória permanece viva na arte pública, na toponímia, nas designações empresariais, nas instituições da cidade e seus arredores, o seu nome chega a universos mais alargados. É venerada desde a data da sua morte (1490) e mais ainda após a sua beatificação (1693), contudo o seu culto veio a ter uma expressão muito mais vasta, como nos revelam algumas peças desta mostra.
É este relevante património material e imaterial que a presente exposição dos 550 Anos procura comemorar.
Núcleo I
Neste primeiro núcleo seguiremos a Infanta desde o seu nascimento, à formação de caráter, da sua afamada beleza à renúncia das coroas reais, dos episódios caricatos de Garcia de Resende à opção de vida conventual em Aveiro.
Nascida em Lisboa, a 6 de fevereiro de 1452, filha do Rei D. Afonso V e da Rainha D. Isabel, neta paterna de D. Duarte, o Eloquente, e materna do Infante das 7 partidas, D. Pedro.
Apesar dos interesses do Reino, recusa diversos casamentos com casas reais europeias para poder viver em Aveiro em Clausura.
Para além das referências do seu “Memorial”, fonte escrita primordial, é possível “visitar” D. Joana cotejando diversos outros documentos e fontes coevas.
Núcleo II
A partir da sua entrada no Convento, a Infanta centra as atenções do Reino na então Villa recém-muralhada. Através do seu “Memorial “, dos regimentos que determinavam a sua espiritualidade e comportamentos regulares, da sua correspondência, procura-se neste núcleo aludir a alguns aspetos das suas preocupações: a livraria, o cumprimento de todas as obrigações sem privilégio…
Erudita, Senhora da Vila de Aveiro, religiosa não professa na Ordem de S. Domingos, cria D. Jorge de Lencastre, filho ilegítimo do seu irmão, D. João II, para cuja educação chama Cataldo Sículo, grande humanista florentino e seu admirador.
O legado da chegada da Princesa a Aveiro tornou-se visível no alargamento do convento com a aquisição de mais terrenos e na orientação espiritual que privilegiou a caridade, a resiliência e o humanismo.
Ao morrer neste convento, é sepultada no seu coro baixo, onde permanece.
Núcleo III
O seu memorial foi sendo registado no scriptorium do Convento após a sua morte. Nele surgem relatos de milagres e coisas extraordinárias com ela relacionadas.
O culto imemorial da Princesa iniciou-se a 12 de maio de 1490, constituindo património imaterial de excelência da Cidade e da Diocese, das quais é Padroeira (1965).
O processo de Beatificação iniciou-se em 1626, afirmando-se o culto e veneração. Com a sua beatificação em 1693 pelo Papa Inocêncio XII, surgiram vários objetos de culto: relicários, escultura, pintura, poesia, teatro e música.
Este conjunto de peças preciosas do século XV ao século XXI, perpetuam a sua memória até aos dias de hoje.
Santa Joana Princesa, desde sempre difundida no universo da Ordem Dominicana, está presente e é cultuada em quase todo o país, no Brasil, Espanha, França, Itália, Estados Unidos da América.
Na reabertura do seu processo de canonização (2015), celebramos com exaltação os 550 anos da Princesa Santa Joana em Aveiro.